Estudo revela que 52% dos transportados pode aguardar uma hora ou mais no hospital
O estudo realizado por Técnicos de Ambulância de Emergência (TAE), no primeiro semestre deste ano, em três ambulâncias da Área Metropolitana (Porto, Matosinhos e Maia) concluiu que em 52% dos casos os utentes transportados recebem pulseiras azuis, verdes e amarelas quando chegam ao hospital.
Ou seja, segundo as normas da Triagem de Manchester, os amarelos podem esperar até uma hora para serem atendidos e os verdes e os azuis entre duas a quatro horas. Note-se que, na realidade, estes tempos são muitas vezes ultrapassados.
O estudo, que será apresentado hoje no Congresso Nacional de Emergência Médica que decorre em Lisboa até amanhã (...), mostra que a missão do INEM de transportar doentes urgentes, em risco de vida, está largamente ampliada.
Não é a primeira vez que os TAE garantem que transportam de tudo, até unhas encravadas, como o JN noticiou em Janeiro passado. Mas agora apresentam números concretos.
As três ambulâncias estudadas saíram 2916 vezes de Janeiro a Junho. Do total, transportaram 145 doentes que receberam no hospital pulseiras azuis e verdes, 1388 que receberam a pulseira amarela, 626 a laranja e 110 a vermelha. 84 doentes morreram (80 com paragens cardio-respiratórias). Há ainda 469 doentes que recusaram ser transportados ao hospital e 16 que já tinham sido levados quando a ambulância chegou.
Do total de accionamentos, 25 ambulâncias receberam ordem do CODU para não transportar o doente ao hospital por não preencherem os critérios de emergência.
É aqui que algo estará a falhar. Pedro Moreira, do Sindicato dos Técnicos de Ambulância de Emergência (STAE), entende que devem ser redefinidos os critérios de não transporte do doente. Ricardo Rocha, líder do STAE, vai mais longe e defende a responsabilização do utente que chama o INEM sem estar verdadeiramente em risco de vida.
“Aqueles que recebem pulseiras azuis e verdes deviam pagar o transporte ao INEM, é dinheiro de todos nós”, sustenta Ricardo Rocha. O facto do transporte ser gratuito leva, frequentemente, os utentes a empolar os sintomas. Quedas e excesso de álcool foram os azuis e verdes mais transportados pelas ambulâncias estudadas.
Cada transporte em ambulância do INEM custa em média 25 euros. O que permite concluir que os 145 doentes azuis e verdes significaram um desperdício de 3625 euros. Se tivermos em conta que o Ministério da Saúde paga aos hospitais 147 euros por cada entrada numa urgência polivalente (portaria nº132/2009 de 30 Janeiro), podemos concluir que aqueles doentes custaram ao erário público cerca de 25 mil euros, além de terem ajudado a entupir as urgências.
“Há pelo menos 5% de utentes que não devíamos transportar nunca e outros tantos amarelos que também não. 5% pode parecer pouco, mas quando multiplicado pelas ambulâncias de todo o país estamos a falar em milhões de euros mal gastos”, refere Ricardo Rocha.
Em resposta ao JN, a direcção do INEM reiterou que segue uma recomendação da Direcção de Emergência Médica que manda, em caso de dúvida, transportar o doente ao hospital.
Um unico comentário: OS CODU SÓ TEM DUVIDAS!!!